
Estamos na ressaca do memorando, e prestes a entrar em mais um período eleitoral, mas desta vez num clima pesado, tenso, e tudo porque desta vez não vão poder prometer mundos e fundos ao eleitorado. Acabaram-se as promessas de crescimento da economia, da criação de 150. 000 postos de trabalho, convergência com os congéneres europeus, e demais ilusões que eram propagandeadas!
As pessoas sempre optaram por enfiar a cabeça debaixo da terra e como se diz na minha terra "nunca pior", já há vários anos que corria o rumor, que um dia isto ia ter que ter um fim, mas até que esse dia chegasse toda a gente caminhava alegremente para o dito abismo, cujas as verdadeiras consequências, ainda não as sentimos.
Esta intervenção externa, é em primeiro lugar um atestado de incompetência aos nossos dirigentes políticos, e um verdadeiro ataque à classe média com os aumentos de impostos previstos no memorando, e anunciados como sendo um bom acordo pelo primeiro ministro demissionário, num golpe de marketing político muito bem engendrado.
Mas estamos perante um reajustamento de uma economia, que vive em demasia à sombra de um estado despesista, corrupto, e desajustado a uma economia de mercado inserido na zona euro. Ora na minha muito humilde opinião o reajustamento económico, vai ser duro, porque vai originar desemprego, e sintetizando vai mergulhar a economia numa recessão, que terá como consequência um progressivo empobrecimento do país.
No espectro político as coisas não são muito mais animadoras, até porque os "vendilhões do templo" estão de mãos e pés atados, apesar de haver alguma margem de manobra dentro do acordado com a troika.
Chegados a este ponto, e com umas eleições a caminho, como é que se justifica as sondagens que dão um empate técnico entre os partidos do bloco central?
Como é que é possível, estes resultados de um líder que está invariavelmente ligado à quase bancarrota de Portugal, e que segundo a lógica deveria ser punido severamente pelos eleitores. Ora podemos ser tentados a pensar que estamos perante estudos de sondagens manipulados! Sim, não sendo totalmente descabido este mesmo argumento não chega por si só, existem outros motivos que justificam estes resultados.
I - Passos era até à poucos meses detentor de um crédito político muito significativo, até que, e após vários Pecs, e num golpe teatral conjunto com Sócrates, decidem lançar o país em eleições. Fica logo no ar as dúvidas se era realmente o timing certo para mergulhar o país na actual situação, que apesar de tudo era inevitável. Para não falar do aumento do IVA, da escolha de Nobre, que é mais um sintoma da ingenuidade e falta de visão política do líder, e da máquina partidária do PSD.
Agora e chegado o momento de se começar a discutir os programas, eis que o PSD, acena com uma medida (Pelos vistos imposta pela troika, e negociada pelo PSD), que para mim, e até que me convençam do contrário, é de um provincianismo ideológico gritante, que é a redução da TSU, na actual conjuntura, com isto alegando que dada a impossibilidade de colocar em prática políticas monetárias, aplicaria-se uma desvalorização fiscal. A ideia é boa, mas falta explicar os moldes de como se vai aplicar, e como é que se compensa esse dinheiro, e sobretudo qual o real impacto sobre a economia e emprego.
Muito provavelmente não sabe explicar, porque se trata de uma medida puramente ideológica e liberal com poucos efeitos práticos, e mais uma vez, fica latente a imaturidade e falta de confiança nas propostas do PSD, e por aí se vai vendo o modo como o PS obtém aqueles resultados nas sondagens.
II - Sócrates de potencial candidato para "queimar" dá por si a disputar eleições, e verdade seja dita que não precisa de muito, tendo em conta as trapalhadas e contradições que vão surgindo do outro lado da barricada. Mas o problema é que se discute uma hipotética reeleição do PS, como se nada tivesse acontecido, como que intervenções externas fosse uma coisa natural.
Mas então isto, não será uma das maiores humilhações impostas a um estado soberano!? Como é que um ministro das finanças vêm para uma televisão dizer que não controla em absoluto as finanças do país!? E por aqui me fico.....
III - Portas de "besta a bestial" limita-se muito habilmente a seguir o seu instinto, que lhe diz que é necessário ponderação e bom senso no modo como se vem a terreiro propor medidas. Já viu que o eleitorado da direita e esquerda centro, não está particularmente impressionado com a capacidade política de Passos, e que pode conquistar uma grande franja de eleitorado. As sondagens assim o confirmam, dando aso a que o mesmo se aspire a ser o novo chefe de governo.
IV - Louçã deu tiros nos pés, e está a despertar para dura realidade que vai ser a de perder força no Parlamento, e de entregar de mão beijado o país à direita.
V - Jerónimo, igual a si próprio, nunca serão alternativa.
Vai ser necessário refundar o modelo de desenvolvimento económico do país, e para tal conhecendo um pouco do conteúdo do memorando, poderá ser este acordo uma oportunidade única para se proceder ás reformas estruturais do que o país tanto necessita, dado é sensato reconhecer, que não é fácil, reformar um Estado afogado em vícios, clientela partidária e interesses corporativos.